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Saúde 16 de março de 2022 Jose Carlos Morais Magalhães

Covid-19 e o Coração

Há cerca de dois anos convivemos com a pandemia de COVID-19. Frequentemente os pacientes, e até colegas médicos, perguntam sobre os males que o coronavírus pode causar ao coração. Abordaremos então este tema.

Covid-19 e o Coração
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Consequências da covid-19

O vírus da COVID-19 pode atacar diretamente o miocárdio (músculo cardíaco) causando inflamações graves ao coração, o que resulta em falha no bombeamento sanguíneo. Arritmias e insuficiência cardíaca são as possíveis consequências dessa condição. O coração também pode ser atingido indiretamente, uma vez que a redução na concentração de oxigênio causada pela disfunção pulmonar, a liberação de citocinas e a isquemia devido a formação de coágulos podem comprometê-lo, o que pode resultar em infarto agudo do miocárdio.

Risco de sequelas

Os pacientes, principalmente aqueles que enfrentaram a forma grave da doença, acreditam que após receberem alta médica estão totalmente curadas. No entanto, ainda existem riscos de sequelas cerebrais, nos rins, pulmões, e coração, o que acaba prejudicando e fragilizando sua saúde. Entre as condições cardíacas mais associadas ao novo coronavírus, a fibrose pulmonar, trombogênese (propensão a formação de coágulos) e dislipidemia podem aumentar os riscos para uma doença cardiovascular conhecida, o acidente vascular cerebral (AVC). Com isso, é possível dizer que a atividade inflamatória derivada da Covid-19 pode perdurar de maneira silenciosa no organismo de um paciente, mesmo após sua recuperação. 

Permanecer observando os sinais que seu corpo dá é essencial na busca por sequelas. Percebê-las pode não ser uma tarefa fácil, mas, quando tratadas de maneira precoce, podem garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente. Portanto, fique alerta a estes sinais: falta de ar aos esforços, palpitações, dor no peito e desmaios. Caso apresente algum destes sintomas, é imperativo consultar com um cardiologista brevemente.

Risco maior para pacientes com doenças prévias

É importante lembrar que os indivíduos com doença cardiovascular prévia apresentam risco maior de mortalidade que a população geral. Isso normalmente ocorre por uma reserva miocárdica diminuída e o risco de falha do coração é maior. Cito alguns dados de letalidade da Covid-19: alguns pacientes apresentam risco aumentado comparado a população em geral, tais como aqueles com doenças cardiovasculares prévias (10,5%), diabetes (7,3%) e hipertensão arterial (6%).

Sabemos, por dados atuais, que mais ou menos 40% dos pacientes internados têm algum tipo de doença cardiovascular ou cerebrovascular. E dos pacientes que contraem a COVID-19 e evoluem para óbito, ou seja, os que falecem, cerca de um terço deles têm algum tipo de doença cardiovascular. Portanto, a doença cardíaca com certeza é um fator de risco bem estabelecido para complicações dos pacientes que têm COVID-19.

Assim sendo, é importante lembrar das medidas preventivas que são fundamentais para os pacientes cardiopatas: afastar-se de pessoas com tosse, febre ou falta de ar; uso de máscaras; lavagem das mãos; e principalmente vacinar-se contra COVID.

 

Covid-19 e o Coração

Júlio César Queiroz de Franca
Cardiologista, Hemodinâmica e Cardiologista Intervencionista
CRM/MA 9864 / RQE 3169/3572
 
Jose Carlos Morais  Magalhães
Artigo publicado por

Jose Carlos Morais Magalhães

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