Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como sugere a denominação, são infecções adquiridas por meio de contatos sexuais, diferentemente de relações sexuais. A palavra contato nos aproxima melhor da realidade do toque, do contato físico necessário para que haja transmissão de microrganismos de uma pessoa infectada para uma outra não infectada. A expressão relação sexual, embora represente tudo o que duas ou mais pessoas possam fazer para sentirem prazer ou orgasmo (gozo), mesmo distantes fisicamente, é limitada à penetração para a maioria das pessoas, independente do nível de escolaridade, e, para muitos, a relação sexual limita-se a penetração do pênis na vagina, embora tenham outras práticas copulatórias/penetrativas; anal e/ou oral, felação, cunilinguismo, anulinguismo, etc.
Todavia para que haja IST não basta ter uma pessoa infectada, o contato sexual e pessoas não infectadas, é indispensável que as pessoas não infectadas se exponham ao risco de receberem os microrganismos causadores de IST, ou seja, tornem-se vulneráveis. Assim sendo, para haver IST é necessário haver alguém com microrganismos (infectado), pessoas sem microrganismos (sadios ou não infectados) em situações de vulnerabilidade assumidas pelos não infectados principalmente. Assim sendo, pensando em prevenção, devemos excluir o que expõe as pessoas sadias ao risco de serem infectadas.
Para tal devemos reconhecer, e informar a população as várias formas de ser/estar vulnerável:
Contato sexual sem proteção (camisinha masculina ou feminina). Neste comportamento altamente vulnerável são observados vários fatores que dificultam ou impedem o uso adequado, correto de preservativos, tais como: desconhecimento dos preservativos, ou de seu uso adequado, cultura do megapênis e microvagina ( todas a camisinhas masculinas são pequenas demais para os pênis, e as femininas são grandes para as vaginas), camisinha tira a sensibilidade, camisinha causa disfunção erétil, relação sexual com camisinha é o mesmo que chupar bombom com papel, etc.
Coito ( relação sexual com penetração) violento, isto é; sem desejo, pois é este que prepara o corpo para as relações sexuais, mormente o coito. A função sexual, como qualquer outra função voluntária do corpo, exige desejo específico para que o corpo se organize. Assim é para comer, beber, urinar, defecar, dormir e praticar relação sexual. O coito violento sempre causa dano tecidual; machuca, inflama, fere, expondo o tecido (pele) ao risco aumentado de infecção.
Prostituição, entendida aqui toda relação realizada em troca de pagamentos, pois quem paga, exige como quer o produto/ato/coito. Lembro de uma travesti que fazia seu circuito de prostituição Imperatriz – Castanhal com caminhoneiros, e alguns caminhoneiros pagavam mais caro para penetrá-la sem preservativos (SIC); assim ela foi infectada com HIV e outras IST, e infectou vários parceiros eventuais.
Onipotência, entendida como estar acima do bem e do mal, intocável, imune, inatingível. As pessoas onipotentes desprezam qualquer cuidado preventivo pelas características descritas.
Uso de drogas (álcool, maconha, crack, cocaína, ecstasy, etc), geralmente liberam o ID (pulsão do prazer e da sobrevivência), induzem a busca de prazer a revelia da ética, moral, proteção, limites corporais individuais.
Os microrganismos (hópedes) causadores de IST, no corpo do ser humano (hospedeiro), multiplicam-se e consomem sua energia e tecidos numa relação de parasitismo, adoecendo, até a morte, seu hospedeiro. Cada microrganismo necessita de tempo variável para se multiplicar e se manifestar clinicamente. Este tempo, contado desde o momento da inoculação do microrganismo no corpo do hospedeiro, é seu período de incubação. Esses microrganismos são bactérias, protozoários ou vírus:
Microrganismos causadores de IST, respectivas IST e períodos de incubação.
Algumas IST, como Sífilis e Aids podem se desenvolver silenciosamente, sem sintomas manifestos, o que é denominado período de latência. Este conhecimento faz parte da formação dos profissionais da saúde, mormente dos médicos, assim sendo o diagnóstico, tratamento e prevenção da transmissão vertical, transmissão de microrganismos da mãe gestante para seu concepto, é responsabilidade médica, tal como a prevenção do câncer de colo uterino, segundo câncer ginecológico em incidência.
Concluindo aproveito a oportunidade para louvar o profissional que tanto estuda para promover saúde, o médico.
Dr. Pedro Mário
Ginecologista/Obstetrícia
CRM-MA 1360 / RQE 950