A Sociedade Brasileira de Dermatologia está em luto por conta da banalização dos procedimentos estéticos invasivos no Brasil.
Recentemente, por conta de grande aumento de procedimentos estéticos invasivos realizados por não médicos, estamos assistindo a várias complicações médicas devido à má prática por essas pessoas. No mundo digital em que tudo pode ser “aprendido” de uma hora para outra por qualquer pessoa disponível a fazê-lo, chegamos a esse episódio trágico da morte de um homem após o procedimento de peeling de fenol.
Existem vários tipos de peelings químicos, que podem ser superficiais ou profundo e, o fenol é o exemplo de peeling profundo. O peeling é uma injúria química causada por um agente cáustico na pele do paciente. Essa injúria controlada é seguida de uma reação inflamatória que pode ser menor ou maior (no caso do fenol é muito profunda) e depois de cicatrizado ocorre uma esfoliação. Isso resultará em uma grande melhora da qualidade da pele com aumento da produção de colágeno e ótima textura visível. No peeling de fenol, na clássica fórmula de Baker - Gordon, a absorção do ácido é grande, atingindo até derme reticular, ou seja, um peeling profundo e requer uma indicação precisa de qual grupo de paciente poderá se beneficiar ou não desse tipo de peeling. Por se tratar de um ácido com cárdio, nefro e hepatoxicidade, necessita ser feito mediante um protocolo médico bem definido, com exames laboratoriais e avaliação cardíaca, além de ser um procedimento muito dolorido. O monitoramento cardíaco deve ser realizado durante todo o ato.
Nesse caso veiculado na mídia, o paciente foi submetido a um microagulhamento profundo prévio, o que deve ter resultado na maior absorção do fenol e provavelmente pode ter resultado no óbito do paciente. Dessa forma, por falta de uma determinação jurídica estabelecida e regimentada pelos conselhos de classe, se for um procedimento estético invasivo então que este deva ser realizado apenas por médicos que são treinados a reagirem e resolver qualquer tipo de problema, caso contrário, continuaremos a assistir várias complicações advindas da má prática profissional, na minha opinião.
Dra Paula Resende S. Ribeiro
CRM-MA 3630/RQE 1000
Médica Dermatologista